Friday, January 6, 2012

A cripta, de Daniel Gomes

Você, reflete o criador, você não é um de meus filhos
Você, diz o mudo, você não chegará até ele
O fogo se alastra na solidão e o caminho é traçado
O peregrino arrepia-se.

Você, diz o surdo, você terá que chegar aqui
Você, reflete o criador, você terá de descobrir o segredo
O trovão se faz no silêncio e os passos prosseguem firmes
A cripta estremece.

Eu compreendo, reflete o peregrino, compreendo seu caminho
Eu vejo, diz o cego, vejo sua chegada
O raio se agita na escuridão e a jornada finda
A cripta estremece.

Eu sinto, diz o morto, sinto sua presença
Eu compreendo, reflete o peregrino, compreendo meu destino
O tudo se manifesta no nada e o portal é aberto
A cripta estremece.


A luz

Eu entendo, reflete o criador, entendo sua busca
Eu sinto, diz o morto, sinto seu vazio
O nada se manifesta como o tudo e um destino é cumprido
A luz esvaece.

Eu vejo, diz o cego, vejo nossa destruição
Eu entendo, reflete o criador, entendo seu desafio
A escuridão se agita como o raio e o embate tem início
A luz esvaece.

Você, reflete o peregrino, você está por trás da criação
Você, diz o surdo, você revela nosso segredo
O silêncio se faz como o trovão e uma máscara é quebrada
A luz esvaece.

Você, diz o surdo, você será destruído
Você, reflete o peregrino, você terá que me enfrentar
A solidão se alastra como o fogo e uma presença se cria
O peregrino arrepia-se.

O peregrino

Você, reflete o criador, você não terá o que busca
Você, diz o mudo, você irá me libertar
A solidão e o fogo se alastram e os dados rolam
O criador arrepia-se.

Você, diz o surdo, você irá me conhecer
Você, reflete o criador, você não pode alcançar o infinito
O silêncio e o trovão se fazem e algo se perde
A cripta estremece.

Eu compreendo, reflete o peregrino, compreendo seu temor
Eu vejo, diz o cego, vejo o brilho em seus olhos
A escuridão e o raio se agitam e o tempo cessa
A cripta estremece.

Eu sinto, diz o morto, sinto a fissura se expandir
Eu compreendo, reflete o peregrino, compreendo o seu erro
O nada e o tudo se manifestam e a tapeçaria cede
A cripta estremece.


O criador

Eu entendo, reflete o criador, entendo seu poder
Eu sinto, diz o morto, sinto o começo
O tudo e o nada se manifestam e o universo se separa
A luz esvaece.

Eu vejo, diz o cego, vejo o negro de seus olhos
Eu entendo, reflete o criador, entendo sua ira
O raio e a escuridão se agitam e a realidade se esquece
A luz esvaece.

Você, reflete o peregrino, você chegou ao infinito
Você, diz o surdo, você findou o caminho
O trovão e o silêncio se fazem e a existência se extingue
A luz esvaece.

Você, diz o mudo, você apagou as pegadas
Você, reflete o peregrino, você chegou a mim
O fogo e a solidão se alastram e a essência se apaga
O criador arrepia-se.

No comments: