
Se fosse um road-movie, Stranger Than Paradise seria o mais lento de todos os tempos. Ele se move a 5 km/h, ou melhor, não se move quase nunca, mas voa no final. Pensava eu que este era o primeiro filme de nosso grande amigo JJ, talvez o mais interessante diretor do novo - não mais tão novo assim - cinema independente americano - não mais tão independente assim. Pois não é, é o segundo, quando ver o primeiro escrevo sobre ele. Bem, o segundo filme de Jim Jarmucsh é um destes clássicos contemporâneos que só agora reaparece nas locadoras, pelo menos por aqui, mais um acréscimo a louvável Criterion Colection. De modo que depois de anos tentando, ou desejando vê-lo, finalmente pude fazê-lo e não me decepcionei. Lento como poucos, preto e branco e quase mudo - deve haver uma dúzia de diálogos nos noventa minutos de filme, sendo alguns em húngaro -, Stranger Than Paradise é realmente estranho e bem diferente de qualquer idéia clássica de paraíso. As poucas cenas externas são desertas, paisagens vastas ou prédios que parecem abandonados, e as internas retratam a pobreza das grandes cidades americanas. A história, bem, a história poderia ser contada em duas linhas, apesar do cenário inicial ser Nova Yorque, os personagens parecem viver numa zona rural, e pouco fazem ou dizem, como num eterno domingo chuvoso. Bem, colocando assim parece um filme muito dos chatos, mas não é, se nada mais, é uma pausa do ritmo desenfreado da vida moderna e uma boa mostra de que a vida pode ser mais lenta, ou de que já foi tediosa, ou, como prefiro ver, simples.
Então, vi o primeiro filme do Jarmusch esta semana, chamado Permanent Vacation, que ele fez durante seu curso de cinema na NYU, e achei interessante, mas não muito bom. Ele tenta uma certa narração filosófica que não se resolve bem, e algumas experiências de estudante com resultados limitados. Pode-se perceber que quatro anos depois, com Stranger Than Paradise, Jarmusch dá um salto significativo, sendo este sim o seu primeiro filme como diretor, já não mais estudante de cinema.
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